Os contos de fadas são, segundo Rudolf Steiner, um tesouro espiritual da humanidade. Fruto de vivências primordiais da existência humana, sua atuação tem um efeito inconsciente na alma ao resgatar, por meio de imagens significativas, o longo percurso do amadurecimento humano na terra.
Por esse motivo, pessoas de todas as épocas – principalmente crianças – sempre reconheceram neles, embora de modo inconsciente, algo afim com sua própria alma. Reis, princesas, anões, gigantes – todas estas imagens – correspondem a profundas realidades interiores do homem.
Eles são narrados repetidas vezes, por sempre na mesma sequência, se possível, com as mesmas palavras, pois representam um verdadeiro “alimento” para a alma das crianças, além de estimular a memória. Nunca devemos tentar interpretar, ou achar alguma “moral da história”, para as crianças. As imagens vivenciadas por elas irão amadurecer aos poucos, no inconsciente de cada uma. No jardim de infância cada história é narrada toda, para que a criança receba a imagem inteira, e não em capítulos, pois nesta fase, segundo Passerini, ela não consegue recontar uma história com começo, meio e fim. Sua memória se limita aos aspectos que sofrem interferência de sentimentos, ou seja, a criança se lembra das cenas que lhe deram prazer ou temor.
No jardim de infância o tom de voz usado pelo professor é monocórdio, para favorecer um ambiente de sonho, e não induzir a criança a uma imagem que não seja a criada por ela mesma, a partir da história contada. Um ambiente de penumbra, com uma vela acesa, também estimula a vivência imagética da criança. Para crianças muito agitadas, as histórias também podem ser contadas com o apoio de bonecos de pano, bem simples, na forma de um pequeno teatro.
Para as crianças de 6 a 7 anos, no ensino fundamental, elas já podem ser narradas em partes, e não costumam ser repetidas. Cada dia, antes de continuar a história, o professor estimula os alunos a contarem, de forma livre, o que eles lembram do que foi contado no dia anterior.